sábado, 7 de novembro de 2020
Destinatário: ao fantasma mais próximo
segunda-feira, 2 de novembro de 2020
objetos perdidos no vendaval
Mais um fim de noite sem você. Pra uns, já passou tanto tempo que já era pra ter dado tempo de te esquecer. Mas eu não esqueço. Eu te amo, mas te esquecer, não, isso não é pra mim. Eu só sei ir, não sei voltar. Fui ao teu encontro e apaguei as pistas que me trariam de volta. Segurei tua mão e esqueci como é não ter onde segurar. Por isso vivo caindo, procurando no vazio tua mão que hoje faz tanta falta. Hoje não estou na mesma cidade que compartilhamos naquele tempo, nem você está lá, mas as ações me denunciam e te procuram em espaços impossíveis. Na mesa do bar, conto a nossa história pela milionésima vez, como quem foi abandonada há pouco. Mas é isso mesmo, sem exagero, o teu abandono é diário, como quem não se cansa de maltratar. Queria dormir ao teu lado, em paz, como quem não sabia que iria viver o pior dos furações logo em seguida. Perdi minhas estruturas com o vento forte. Ainda hoje procuro objetos perdidos no vendaval. Com a tua partida, tempestuosa, me despedacei e vivo numa eterna procura de mim.
sábado, 26 de setembro de 2020
monotemática
domingo, 20 de setembro de 2020
“o que é selvagem é muito precioso”
Queria viver a intensidade da dedicação que necessita uma grande obra. Me aprofundar em algo. Mergulhar nas profundezas. Entrar em contato com o divino ou com o que nos torna existência, com o que nos faz ser pesados em cima da Terra. Queria a preciosidade de viver quinhentos dias ou uma vida por uma causa, um projeto, escrever um livro durante anos, ler a obra completa de um escritor... Queria me sentir presente e focada, mas não me sinto assim. Quero, tento e prometo abraçar o mundo, mas não dou conta, é impossível pois sou apenas uma. Ainda bem, já pensou ser mais de uma e duplicar minha necessidade de agradar ao mundo? Ou de tentar me agradar com o mundo? Queria ser misteriosa, interessante e privada, mas me sinto transparente, comum e pública.
sábado, 8 de agosto de 2020
tenho um portfólio de histórias de amor falsas
não sei o que fazer com nossas fotos trocadas via whatsapp nem o que fazer com os prints de diálogos nas redes sociais. Tenho conversas fofas de você com amigos dizendo que um dia vamos casar. Eu acreditava nisso de verdade. Até te disse uma vez que achava que no fim íamos ficar juntos. Não sei se acreditou. Pra mim parecia encaixar, sabe? Passei anos remoendo amores não correspondidos e você pulando de amor em amor, todos tão profundos quanto podiam ser. A cada novo amor arrebatador seu eu pensava que tinha perdido minha chance, pois cada nova garota parecia perfeita com você. Mesmo quando o sentimento não era tão claro algo me ligava nessa possibilidade, na gente sendo, no presente, deixando de ser ideia para ser sentido na pele. Acho que assisti comédia romântica demais, deve ser isso. Por duas vezes a gente chegou naquela fase do quase.. mas não vingou. Processos ainda difíceis pra mim, e olha que não é culpa só minha. Parei de procurar culpa onde não tenho, hoje sei que muita gente não ficou por que nunca foi a intenção. Tenho um portfólio de histórias de amor falsas, é como agora costumo apresentar meu coração. Um cemitério cheio de fantasmas com uma ou outra visita rápida em datas especiais - que estão ficando cada dia mais escassas. Vago por aqui sozinha, regando as flores já secas e vendo os dias terminarem e começarem sem sentir frio nem calor. Com tantos fantasmas dentro de mim, me tornei mais um.
sexta-feira, 26 de junho de 2020
um dia de paz
domingo, 21 de junho de 2020
dia 04, não vai virar livro
terça-feira, 9 de junho de 2020
nove de junho e a linha de frente
sexta-feira, 8 de maio de 2020
dia 02, nenhuma foto
quinta-feira, 7 de maio de 2020
dia 01
domingo, 12 de janeiro de 2020
História de quem ama só
Digo te amo, você agradece.
Minha vida, como essa poesia, não faz questão de rimar.
Mas espero um dia, rimar com você, e deixar de te amar.