segunda-feira, 2 de novembro de 2020

objetos perdidos no vendaval

Mais um fim de noite sem você. Pra uns, já passou tanto tempo que já era pra ter dado tempo de te esquecer. Mas eu não esqueço. Eu te amo, mas te esquecer, não, isso não é pra mim. Eu só sei ir, não sei voltar. Fui ao teu encontro e apaguei as pistas que me trariam de volta. Segurei tua mão e esqueci como é não ter onde segurar. Por isso vivo caindo, procurando no vazio tua mão que hoje faz tanta falta. Hoje não estou na mesma cidade que compartilhamos naquele tempo, nem você está lá, mas as ações me denunciam e te procuram em espaços impossíveis. Na mesa do bar, conto a nossa história pela milionésima vez, como quem foi abandonada há pouco. Mas é isso mesmo, sem exagero, o teu abandono é diário, como quem não se cansa de maltratar. Queria dormir ao teu lado, em paz, como quem não sabia que iria viver o pior dos furações logo em seguida. Perdi minhas estruturas com o vento forte. Ainda hoje procuro objetos perdidos no vendaval. Com a tua partida, tempestuosa, me despedacei e vivo numa eterna procura de mim.

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