domingo, 20 de setembro de 2020

“o que é selvagem é muito precioso”

Queria viver a intensidade da dedicação que necessita uma grande obra. Me aprofundar em algo. Mergulhar nas profundezas. Entrar em contato com o divino ou com o que nos torna existência, com o que nos faz ser pesados em cima da Terra. Queria a preciosidade de viver quinhentos dias ou uma vida por uma causa, um projeto, escrever um livro durante anos, ler a obra completa de um escritor... Queria me sentir presente e focada, mas não me sinto assim. Quero, tento e prometo abraçar o mundo, mas não dou conta, é impossível pois sou apenas uma. Ainda bem, já pensou ser mais de uma e duplicar minha necessidade de agradar ao mundo? Ou de tentar me agradar com o mundo? Queria ser misteriosa, interessante e privada, mas me sinto transparente, comum e pública.

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