Eu leio nossa história por
aí.. Não há como não, a internet tá cheia de gente querendo compartilhar suas
dores, e é nelas que eu esbarro com a gente, mesmo que não juntos. Ou esbarro
contigo flutuando sobre as palavras de outro, que dizem mais sobre a sua
incapacidade de lidar do que você mesmo imagina. Ou tropeço comigo, numa
confusão louca de palavras jogadas, incapazes de se organizarem sozinhas, mas igualmente
impedidas de pedir ajuda. Poesias falam muito de mim, por vezes são confusas e deixam apenas um aperto no peito. Ou ainda, esbarro com a gente, em uma história
bonita, mas que não termina e fica meio que co-existindo e se equilibrando entre
as palavras do texto que ecoam na cabeça de quem lê. Nossa história não chega a
ter vida própria, ela precisa da minha dor para sobreviver, é meio parasita
mesmo. Mas já não é mais tão minha assim, mesmo eu sendo seu alimento. Nem sua,
ela nunca gostou desse seu jeito desapegado, livre de toda e qualquer
consciência pesada que possa surgir. Sem rumo, inventou de estampar outras
dores que nem nos dizem mais tanto respeito assim, histórias nada parecidas,
pessoas menos ainda. O nosso amor é reaproveitável. Fico lendo, encantada com
tamanha proximidade com a vida real, fico querendo te enviar um trecho ou
outro, mas o movimento para a meio caminho. E dói saber que tanto faz, sendo
enviada ou não, uma ou dez frases não surtirão efeito algum em você. Nem sempre
as pessoas estão em sintonia, mais difícil ainda é usar essa palavra pra falar
de nós. Soa até engraçado, falar da sintonia da gente, que nem sequer se
gostava igual.
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