Esse sorriso já foi tudo o que
eu mais precisei em noites como essa. Noites em que a dor vem conformada, como
quem sabe que um dia vai embora de vez. Esse é o meu medo. De chegar o dia em
que eu vou olhar uma foto tua e em nada me abalar. O dia em que eu vou sentir
teu perfume por aí e vou senti-lo como se fosse a primeira vez, talvez até
goste dele novamente, mas não vou saber o motivo. O dia em que escutar teu nome
vestindo desconhecidos não me causará apreensão alguma. O dia em que vamos
passar um pelo outro e nada vai acontecer, nem aqui dentro nem aí. O dia em que
para lembrar de ti, precisarei estar relendo aquelas velhas agendas em que eu
descarregava toda a dor que não era capaz de carregar sozinha. Com o tempo não
vai doer mais, e talvez eu sinta saudade da dor que só não se fazia
insuportável, por que precisava te manter vivo e, de certa forma, à mim também.
Doeu te ter. Foi quase insuportável te perder. E é indescritível a dor do
esquecimento.
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