sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O contrário da lembrança

Esse sorriso já foi tudo o que eu mais precisei em noites como essa. Noites em que a dor vem conformada, como quem sabe que um dia vai embora de vez. Esse é o meu medo. De chegar o dia em que eu vou olhar uma foto tua e em nada me abalar. O dia em que eu vou sentir teu perfume por aí e vou senti-lo como se fosse a primeira vez, talvez até goste dele novamente, mas não vou saber o motivo. O dia em que escutar teu nome vestindo desconhecidos não me causará apreensão alguma. O dia em que vamos passar um pelo outro e nada vai acontecer, nem aqui dentro nem aí. O dia em que para lembrar de ti, precisarei estar relendo aquelas velhas agendas em que eu descarregava toda a dor que não era capaz de carregar sozinha. Com o tempo não vai doer mais, e talvez eu sinta saudade da dor que só não se fazia insuportável, por que precisava te manter vivo e, de certa forma, à mim também. Doeu te ter. Foi quase insuportável te perder. E é indescritível a dor do esquecimento.

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